No último dia 6 de outubro, a Agência Fapesp publicou a matéria “Mudanças climáticas podem afetar finanças públicas dos países da América Latina e Caribe”, de Elton Alisson.
Abaixo, o economista e pesquisador do projeto CiAdapta2 Junior Garcia comenta.
"Como o título diz, a matéria trata dos potenciais impactos das mudanças climáticas nas finanças públicas. A relação existe, mas tem sido pouco explorada na academia e no setor público. Cabe ressaltar que as mudanças climáticas impactam também o setor privado.
Acontece que as mudanças climáticas já afetam as finanças públicas e os gastos privados. Como essa relação tem sido pouco abordada, esses impactos não têm sido percebidos pela sociedade - porque não temos um sistema estatístico que incorpore adequadamente esses impactos nos indicadores monetários, por exemplo, no sistema de contas nacionais utilizado para calcular o Produto Interno Bruto, nem mesmo na contabilidade das empresas. Assim, se não identificamos o problema, parece que não existe.
Os impactos sobre as finanças públicas são ainda mais amplos do que diz a matéria. O setor agropecuário, em especial, recebe aportes públicos para sustentar os programas de seguro rural. Com o aumento da intensidade e ocorrência de eventos climáticos, os gastos com seguro rural podem aumentar de maneira significativa.
Considerando a escala do sinistro no setor agropecuário, o setor de seguro rural precisa de apoio público. No Brasil, apenas uma pequena parcela da produção rural está protegida pelo seguro rural.
É preciso revisar os sistemas estatísticos e criar bases de dados e indicadores para revelar a magnitude desses impactos nas finanças públicas e no setor privado. Esse é o primeiro passo. A partir dessas informações, podemos avaliar quais as estratégias mais adequadas ao enfrentamento dos efeitos das mudanças climáticas na sociedade, como adaptação e criação de mecanismos de proteção."
Recomendação de leitura:
GARCIA, J. R.; BUAINAIN, A. M. "Os desafios do risco ambiental no século XXI para o setor de seguro". Espacios (Caracas), v. 38, p. 11, 2017.
Foto: reprodução
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